Hoje tenho mais vontade de correr para os teus braços do que em todos os 45 dias anteriores. [45 dias] E estou desgovernada, sem filtro e muito descompensada. Hoje mal consigo escrever, dói demasiado. Choro desenfreadamente e as lágrimas desfocam tudo. Todos os meses haverá este dia. Todos os anos todos os meses terão este dia. Todas as décadas todos os anos terão este dia em todos os meses. Dava o resto dos dias, dos meses, dos anos, por cinco minutos num abraço teu. Hoje a falta que me fazes é mais do que consigo suportar; e eu bem disse, bem disse que não queria o sol dos dias em que não te tenho. Quero fechar os olhos. Fechar os olhos e adormecer durante muito tempo; tanto tempo que me permita ter-me esquecido ao acordar. Terei de dormir a eternidade? Estou a escrever sem filtro. Sem parar. Sem pausas para pensar, para respirar. Há uma semana atrás sentia uma raiva enorme de ti; uma raiva que, de certa forma, me alimentava; uma raiva que me ofereceu o silêncio e que, de algum modo, apaziguou a inquietação do amor desamado. Já não sinto raiva. Aquilo de que antes sentia raiva, agora só me magoa; já não me zanga, já não me zango. Magoa-me o que já não é meu e é de alguém; mas já não sinto raiva. The Gift. Já não é meu e é de alguém. Quero sentir raiva. Esforço-me por senti-la. Como é que podes partilhar o que é tão nosso? Mas não sinto; esforço-me mas não sinto. Se sentisse, podia perdê-los. Não quero perdê-los. Nem ao que significam. Não quero perder-te; perder-te dentro de mim, perder-te dentro deles. Preciso dessa noite; preciso de ir gritar a banda sonora de mim, a banda sonora de nós. A importância dos The Gift numa história de amor. Um dia destes vou fazer um Post com o título A Importância dos The Gift numa História de Amor. Sem filtro, desgovernada. Sinto-me um comboio em excesso de velocidade que a qualquer momento vai descarrilar; não é pode, é vai. 1h30 para o dia acabar, depois virá a ressaca. A ressaca já conheço, com a ressaca posso bem. Há sempre uma ressaca para cada excesso! Será um excesso este amor que te tenho? Não o sinto como um excesso, preenche cada pedaço de mim e não há parte nenhuma dele que me agrida pela imensidão. O excesso é a falta que me fazes. Fazes-me falta em excesso; fazes-me falta até à ressaca. Hoje a falta que me fazes é mais do que consigo suportar. Faz-me falta o passeio do 29, o parabéns do 29, o "let's stay together for always" do 29, o sushi do 29, as tardes na cama do 29; faz-me falta o 29 anterior e o próximo também. Dói-me antecipadamente o próximo 29. Faz-me falta a tua pele, o teu cheiro no meu corpo, na minha roupa. Bambi, doce, meu anjo, meu amor. Faz-me falta. Tanto muito, tantum, beijos dos nossos. As flores trazidas daqui e dali, os powerpoints, os olhos a brilhar que não podiam, não queriam enganar. Foi há tanto tempo! Faz-me falta, caramba! Sesimbra, Costa da Caparica, férias planeadas. Faz-me falta. O sofá grande preto da sala, a varanda enorme com a mesinha e os banquinhos, o quarto com a cama gigante, passear os cães, jantar feito a quatro mãos. Sonhos. Só sonhos. "As lágrimas que choro não são penas, são só sonhos." As lágrimas que choro já não podem ser sonhos, são penas, penas que voam para longe. Tira-me a falta que me faz ou dá-me tudo outra vez.
A saudade define a certeza.
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terça-feira, 29 de abril de 2014
domingo, 27 de abril de 2014
Não consigo, não sei.
Tenho tantas coisas para dizer. Ainda. Mas hoje vou ser desconexa e fazer pouco sentido. Não importa, cá dentro as coisas não fazem sentido; posso não fazer sentido, posso dar-me isso, no meio de tanta coisa que não posso dar-me.
Não consigo lidar com o facto de estares a desaparecer da minha lista de contactos principais no Facebook. Costumavas ser o primeiro nome; agora, estás a um de ser o último. Minto; olhei outra vez, és o último nome da lista, aquele que vem imediatamente antes de "Mais amigos". Olhar para lá, deixa-me exasperada; quanto simbolismo, quanta metáfora, quanto id!
Não consigo parar de me apaixonar por ti. Todos os dias. Por motivo nenhum e por todos os motivos do mundo. Por qualquer coisa que faças ou por nada que faças. Por tudo ou nada que digas. Pelos movimentos, pelas ausências de movimento, pelas inspirações e expirações, sei lá. Por existires, não sei. Talvez baste isso, talvez seja só isso.
Não consigo não ter saudades astronómicas que me atrofiam os músculos e me quebram por dentro. Às vezes penso "saudades" e falta-me o ar; é como se deixasse de funcionar, como se houvesse uma falha nas engrenagens e tudo se desmontasse, saltassem peças por todo o lado e fosse impossível por o motor a trabalhar.
Não consigo largar esta vontade esmagadora de te abraçar; às vezes, vejo dentro da minha cabeça uma imagem difusa em que, em qualquer sítio, onde quer que estejas, que eu esteja, que estejamos, esqueço-me de tudo e simplesmente...abraço-te.
Não consigo não pensar em ti. Não consigo estar um segundo sem pensar em ti. E isto é literal, não hiperbólico. Não sais de dentro de mim, é angustiante, é desesperante.
Não consigo ver de que forma possa o tempo amenizar o que sinto. Racionalmente, sei - obrigo-me a saber - que há-de passar; mas emocionalmente, não consigo acreditar, não consigo ver forma nenhuma disso poder acontecer. Parece demasiado impossível.
Não consigo deixar de pensar que, há medida que o tempo passa e o meu desespero, a minha dor, a minha saudade e vontade insaciável de ti aumentam, para ti, é cada vez mais fácil. Não consigo deixar de pensar que enquanto eu travo uma luta diária para sobreviver à tua ausência, tu aprendes a viver sem mim. Não consigo deixar de pensar que quanto mais sinto a tua falta, menos sentes a minha. Não consigo deixar de pensar que, enquanto respiro cada vez com mais dificuldade, o hábito e - talvez - o alívio da minha ausência te tornam mais leve, mais feliz. Não consigo deixar de pensar que és mais feliz desde que não nos temos. Pode estar errado, pode estar tudo errado, mas eu não consigo deixar de o pensar; e, às vezes, não consigo deixar de o sentir.
Não consigo evitar esperar um milagre. Não sei que milagre, não faço ideia; mas não consigo evitar esperar um. Não consigo evitar esperar, todos os dias, um sinal de ti. Um sinal de que estás aí, um sinal de que ainda pensas em mim. Não consigo evitar esperar que cada mensagem que recebo seja tua. Não consigo evitar, mais que esperar, desejar que o seja. Não consigo evitar desejar que queiras saber de mim, que não me tenhas esquecido assim tão facilmente, que não seja assim tão fácil viver sem mim, que te preocupes, que te importes. Sim, eu sei, tudo isto é um enorme contrasenso com o "ponto" anterior. Eu disse que seria desconexa e faria pouco sentido. Cá dentro, nada faz sentido. A não ser amar-te.
Não consigo fazer com que amar-te não tenha sentido. Não consigo fazer com que amar-te se perca na banalidade dos dias, dos momentos, dos sentidos. Não consigo fazer com que amar-te se torne supérfluo, para poder depois deitar fora. Não consigo deixar de te amar com todas as forças que tenho, com tudo aquilo que sou. Talvez o estar mais perto disso sejam a pouca força que tenho, o pouco que me sinto.
Tenho tantas coisas para dizer. Ainda. Não sei por quanto tempo mais terei coisas a dizer; não sei quanto tempo levarei a secar. Não sei para onde mais me voltar, por que mais me voltar, porque mais me voltar. Não sei se quero vencer esta luta. Não sei se quero uma alegria hipotética para os dias em que não te tenho. Não sei se quero os sucessos de conquistas impartilháveis. Não sei se quero o sol dos dias em que me faltas. Fazes-me Falta.
Não consigo fazer com que amar-te não tenha sentido. Não consigo fazer com que amar-te se perca na banalidade dos dias, dos momentos, dos sentidos. Não consigo fazer com que amar-te se torne supérfluo, para poder depois deitar fora. Não consigo deixar de te amar com todas as forças que tenho, com tudo aquilo que sou. Talvez o estar mais perto disso sejam a pouca força que tenho, o pouco que me sinto.
Tenho tantas coisas para dizer. Ainda. Não sei por quanto tempo mais terei coisas a dizer; não sei quanto tempo levarei a secar. Não sei para onde mais me voltar, por que mais me voltar, porque mais me voltar. Não sei se quero vencer esta luta. Não sei se quero uma alegria hipotética para os dias em que não te tenho. Não sei se quero os sucessos de conquistas impartilháveis. Não sei se quero o sol dos dias em que me faltas. Fazes-me Falta.
sábado, 26 de abril de 2014
"Quebra-gelo".
Não vale a pena pedirem-me que explique, que eu não saberei como; a partir daqui, as considerações são as que entenderem. Hoje, de alguma forma, foi como se estivéssemos a conhecer-nos de novo; como se nunca nos tivéssemos visto ou encontrado e estivéssemos a descobrir-nos pela primeira vez. Eu disse que não saberia explicar, não vale a pena haver perguntas. Foi como se estivéssemos numa espécie de quebra-gelo. Quem és tu, de que é que gostas, o que é que queres e/ou esperas da vida. Não, as perguntas não foram feitas, mas parecia. Piadas e brincadeiras de um quebra-gelo inicial. E lá estavas tu, e lá estava o sorriso, e lá estava o olhar, e lá estavam os jeitos e trejeitos. Respondendo ao talvez de ontem, o amor não tem nada de terreno, de terreste; o amor é etéreo, ponto final. Se esta fosse outra vida, se eu fosse outra, se tu não fosses também a mesma pessoa, se tivéssemos transposto a realidade para uma outra dimensão, cá estaria eu (um outro eu) - de novo - a apaixonar-me por ti. E isto irrita-me por várias razões. Assim à superfície encontro três. A primeira e menos óbvia mas mais irritável, prende-se com o facto de não conseguir deixar de desejar, mais que tudo, que esta tivesse sido também uma descoberta tua; no fundo, que hoje tivesses também descoberto que podes sempre voltar a apaixonar-te por mim; como quase morro de certeza de que isto não aconteceu, fico irritada. A segunda, mais óbvia e menos irritável, prende-se com o facto de não ser suposto por-me para aqui, para aí, para ali, a (re)descobrir os teus encantos e as razões pelas quais me apaixonei e voltaria sempre a apaixonar por ti, mas o contrário; o suposto nesta fase sem fim da vida - da minha -, seria procurar motivos, razões, fortes justificações para me desapaixonar de ti. Desde quando é que no amor há "o suposto"? A terceira, óbvia e desesperante, prende-se tão só com a impossibilidade que representam simultaneamente o seres e o deixares de ser. Seja hoje, amanhã, daqui por uma semana, daqui por um mês, no próximo ano ou no próximo século, sempre que te (re)descobrir vou (re)apaixonar-me. E isto podia ser a coisa mais bonita do mundo, e até é, de certa forma; mas agora, no momento presente é, sobretudo, um poço infinito onde, por mais que procure, não encontro a cama elástica. E isto irrita-me por várias razões. Já agora: a palavra "irrita-me" poderá estar extremamente mal aplicada, mas como não faço a mínima ideia do nome que hei-de dar ao que isto me faz sentir, escolhi "irrita-me". Porque sim. Mais uma coisa: a irritação, ou o quer que isto seja, é comigo. E não vale a pena pedirem-me que explique, que eu não saberei como; dito isto, as considerações são as que entenderem.
sexta-feira, 25 de abril de 2014
Hoje, fechei-me tão fundo dentro de mim.
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quinta-feira, 24 de abril de 2014
Às vezes, imagino.
Às vezes, quando um carro passa à minha porta e - por breves instantes e variadas razões - fica parado, imagino que és tu. Durante esses instantes que são breves e se tornam eternos, imagino centenas de cenários; uns possíveis, outros nem tanto. Nenhum provável. Às vezes, claro, imagino que vens dizer que me amas e que não queres e não podes viver sem mim; que sou tudo: ar, água, terra, fogo, tudo. Outras vezes, imagino que vens despedir-te de mim; chegas, pedes que vá lá abaixo e entre no carro e, quando estou sentada ao teu lado, inclinas-te para mim e beijas-me pela última vez, pedindo-me que o recorde. Às vezes, claro, imagino que vens, de novo, pedir-me que seja tua; não teria resposta para te dar: sou tua, hei-de ser sempre tua.; qual é a dúvida? Outras vezes, imagino que queres apenas ver-me; pedes-me que desça, olhas para mim, dizes qualquer coisa sobre saudades, abraças-me e vais embora. Às vezes, claro, imagino que vens fazer uma declaração ao estilo The Notebook: “So, it's not gonna be easy. It's gonna be really hard. We're gonna have to work at this every day, but I want to do that because I want you. I want all of you, forever, you and me, every day." Outras vezes, imagino que estavas a ter um dia difícil e que quiseste apenas passar por cá para falar um bocadinho comigo, para sentir um bocadinho o conforto da minha presença. Sei lá se a minha presença é um conforto, estou apenas a montar cenários. Às vezes, claro, imagino que vens matar esta sombra que teima em crescer dentro de mim, que vens dizer-me que não passou tudo de um pesadelo, que está tudo bem. Outras vezes, imagino que vens dar-me qualquer coisa minha que andasse esquecida por tua casa; como pretexto, naturalmente. Às vezes, claro, imagino que vens pedir-me em casamento, aquele pedido que fizeste tantas vezes e que dizias um dia ir transformar-se "num pedido como deve ser"; talvez nunca to tenha dito, mas de todas as vezes em que me olhaste nos olhos e me disseste "casa comigo, fica comigo para sempre", recebi-o como "um pedido como deve ser". [Recebi-o como "um pedido como deve ser" um dia antes dos dias terem acabado, sentada no sofá da sala, onde agora não consigo sentar-me sem que as lágrimas me procurem.] Outras vezes, imagino que vens e não dizes nada; ficas a olhar para mim e os teus olhos dizem tudo e os meus olhos respondem tudo. Aqui, no silêncio gritante do meu quarto, nas paredes carregadas de memórias que me envolvem, no espelho gigante que te reflecte sem cá estares, na cama onde ainda encontro o teu cheiro, fico parada a ouvir os carros passar e a imaginar-te chegar. Aqui, rodeada pelas almofadas que tantas vezes jogámos ao chão, fico parada a ouvir os carros passar e a imaginar-te chegar, enquanto, pelo rosto, deslizam lágrimas que sussurram "adeus, meu amor".
quarta-feira, 23 de abril de 2014
Para quem ama não basta o óbvio.
Quando as relações terminam; relações intensas em que pelo menos uma das partes se mantém tão ligada à outra parte como sempre esteve, há que haver um terminus real, palpável. Qualquer coisa que realmente distinga o antes do depois. E não basta o óbvio. Para quem ama, não basta o óbvio. Não basta dizer acabou e, como acabou, então está bem, da próxima vez que nos encontrarmos vai ser como se nunca nos tivéssemos pertencido. Não é assim que funciona. Para quem ama, não basta o óbvio. De todas as vezes em que nos encontrarmos, vou sentir-me tão próxima ou ligada a ti como em qualquer dia da nossa vida em comum. De todas as vezes em que nos encontrarmos, qualquer palavra que digas, por mais inocente que seja, vai atingir-me e, muitas delas, vão agredir-me. De todas as vezes em que nos encontrarmos, vai doer-me de morte que as nossas mãos não se encontrem nalguma altura, que não me deixes à porta de casa, que não nos beijemos na hora do até amanhã, que o até amanhã possa ser ou não um até amanhã. De todas as vezes em que nos encontrarmos, há-de haver sempre um momento em que deixei de te ver, de te ouvir, e já só existo no passado; nos teus braços, nos teus lábios. De todas as vezes em que nos encontrarmos, vou questionar-me: o que é que sentes, o que é que pensas, custa-te, estás bem, não sentes nada... De todas as vezes em que nos encontrarmos, vou estar desenquadrada do espírito e vou ser uma péssima companhia; para ti, para mim, para todos. Talvez um dia possa fazê-lo sem ter de representar um papel cujas falas esqueci. Talvez um dia querer saber de ti seja compatível com poder saber de ti sem me desfazer. Talvez um dia desejar que sejas feliz possa ser compatível com presenciar e partilhar a tua felicidade. Talvez um dia desejar-te o melhor possa ser compatível com sorrir ao ouvir-te falar do melhor. Talvez um dia querer-te bem possa ser compatível com estar sentada ao teu lado. Não agora. Agora é preciso um terminus real, palpável. Não fizeste nada errado. É só que, para quem ama, não basta o óbvio. E eu não consigo encontrar o caminho de volta ao tempo em que não te amava, não consigo virar as costas ao amor que sinto. Por isso, para mim, que amo, não basta o óbvio, é preciso o palpável.
PS.: “The scariest thing about distance is that you don’t know whether they’ll miss you or forget you.” The Notebook.
PS.: “The scariest thing about distance is that you don’t know whether they’ll miss you or forget you.” The Notebook.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
"E dizes-me isso assim, aqui?"
sexta-feira, 18 de abril de 2014
É a frase que está mal escrita.
Não, não consigo fazer isto. Não consigo não querer saber, não consigo não me importar, não consigo não sentir, não consigo "jogar para trás das costas" e fingir. Não, não consigo. Posso dizer que sim, mas o sim é não; o sim é sempre não. Sinto a tua falta mais do que sei explicar. Sinto a tua falta mais do que sei entender. À luz do primeiro desespero, achei que não sabia viver sem ti, que não conseguiria viver sem ti, que precisava de ti para respirar; com o tempo, porque não claudiquei, tenho vindo a perceber que sei, consigo, posso viver sem ti. O sol continua a levantar-se e a pôr-se, como todos os dias, como todas as noites. E eu continuo viva. Portanto sei viver sem ti, consigo viver sem ti e não preciso de ti para respirar. Não sou nem me sinto dependente de ti. Não é por isso que sinto a tua falta. Não sinto falta de que me preenchas o tempo; até gosto de tempo livre, de tempo só para mim. Não é pelos espaços em branco e em silêncio. Não é da rotina que sinto falta. Não é o hábito que me mata. Já nem sequer são os planos, embora sejam mais os planos que qualquer coisa das referidas antes. Eu posso viver sem ti. Eu posso levantar-me de manhã e cumprir as minhas obrigações, posso fazer até mais que cumprir as minhas obrigações; posso sentar-me num banco de jardim e ter um livro na mão, posso sentar-me numa esplanada e beber uma cerveja enquanto fumo um cigarro, posso descobrir sítios novos, posso fazer novas amizades, posso deitar-me à noite com a certeza de ter tido um bom dia, de ter tido um dia que valeu a pena. Eu posso viver sem ti. É a frase que está mal escrita. O problema reside na frase mal dita, mal escrita. "Eu não posso viver sem ti" é uma falácia, não é verdade. A verdade é outra, de outra cor. A verdade é: eu não quero viver sem ti! Eu não quero viver sem ti, mesmo que tenha de viver contigo sem ti. Não quero esquecer-te. Não quero apagar nada. Não quero deixar de pensar em ti. Não quero deixar de ter saudades, não quero deixar de trazer-te dentro de mim a cada momento. Era a frase que estava mal escrita. Esta é a minha escolha. Tu és a minha escolha. Eu posso, mas não quero. E isso não muda nada em relação ao estado físico, concreto e objectivo das coisas. As coisas são o que são e já não existe um nós físico, real. Mas existe um nós dentro de mim. Um nós infinito. Agora que a frase está correcta, posso descansar um bocadinho.
terça-feira, 15 de abril de 2014
Podiam ser mil coisas, mas é só esta.
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domingo, 13 de abril de 2014
Esta noite fui assombrada pela realidade.
Esta noite tive um pesadelo. A estrada dividia-se em duas e as duas metades deixavam de ter ligação. Tu seguias pela primeira metade, eu pela segunda. Durante parte do percurso, conseguia ainda ver-te caminhar, como em duas linhas pararelas que seguem lado a lado sem nunca se cruzar. Via-te sem te poder tocar, ouvia-te sem que me ouvisses a mim, gritava o teu nome e permanecias impenetrável do teu lado da estrada, do teu lado da vida. Os obstáculos entre os dois caminhos eram cada vez maiores e era cada vez mais difícil ver-te. Enquanto a tua metade alargava, a minha tornava-se mais afunilada. Do teu lado, ia surgindo vida. Ouviam-se passos, vozes, risos; não sei se era felicidade, se era só o barulho das luzes. Avançavas e eu, com vontade de ficar parada, avançava com o objectivo único de não te perder de vista. Mas ias erguendo muros pelo caminho e, rapidamente, deixei de te ver; já só sentia a tua presença do outro lado do muro, do outro lado da estrada, do outro lado da vida. Comigo caminhavam sombras. Sombras de mim e de ti. Sombras de mãos dadas, sombras que se abraçavam, sobras que se tocavam, que se beijavam. Sombras que me assombravam e que não podia expulsar porque seguravam agora a outra metade de mim. Sentei-me numa pedra alta, cinzenta, à espera. À espera que o tempo passasse, à espera que as sombras se desvanessessem, à espera que o ar se tornasse respirável, à espera de saber o que o meu lado desse caminho eternamente paralelo pudesse reservar para mim. Acordei sobressaltada, de peito pesado. Olhei em volta e não havia fotografias nossas nem o teu quadro pendurado na parede. As minhas mãos estavam vazias e o quarto sombrio, despido de vestígios de ti. Esta noite não tive um pesadelo. Esta noite fui assombrada pela realidade; pela minha realidade.
sábado, 12 de abril de 2014
Uma Pepsi só para mim.
Hoje fui ao cinema. Pela primeira vez em mais de três anos (ou mais ainda, talvez), fui ao cinema sem ti. A ideia era distrair-me; parar de pensar, aliviar a cabeça enchendo-a de fantasia e histórias de finais felizes. Tentar, por momentos, descontrair. Gosto de cinema. Gosto da envolvência do som, da imagem, da cor; gosto dos diálogos que se constroem, dos olhares que se cruzam, dos lábios que se mordem, das palavras que não se dizem mas que o grande ecrã põe a descoberto. Hoje, pela primeira vez desde que me lembro (e não importa o que havia antes, importa o universo de que me lembro), não estavas ao meu lado no cinema. Quando me sentei, senti a tua falta. Antes dos trailers, durante os anúncios com as suas músicas e palavras dengosamente escolhidas, senti a tua falta. Quando começaram os trailers, quando os vi, quando quis escolher o próximo filme, senti a tua falta. Quando as luzes se apagaram senti falta de te dar a mão. Quando o filme começou, já não me apetecia vê-lo, sentia a tua falta. No intervalo, senti falta de que te chegasses para a frente e perguntasses "Queres pipocas?" como quem acrescenta "Por favoor *.*" com um olhar e um sorriso só teus, de mais ninguém. Eu vi o filme, sim. Sei falar sobre ele. Sei dizer se gostei, se não gostei, porquê, porque não. Mas não houve um único momento em que ver o filme e deixar de sentir a tua falta se anulassem mutuamente. O filme não me comoveu o suficiente para chorar, mas chorei; e sei, sei eu, sabes tu, sabe talvez toda a gente, que eram lágrimas de sentir a tua falta. Talvez não volte ao cinema. Não nesta "parte-de-vida", pelo menos. Porque, descobri hoje, há poucas coisas mais difíceis que ir ao cinema e ter uma Pepsi só para mim; há poucas coisas que quisesse mais do que ter de dar um primeiro golinho rápido na Pepsi porque, da próxima vez que me apetecesse, poderia já não haver. Hoje, teria dado tudo para que me apetecesse Pepsi e já não houvesse! Hoje, ficou quase toda. Ficou a tua parte.
sexta-feira, 11 de abril de 2014
Don't tell me 'cause it hurts.
Sinceramente, gostava de conseguir desejar-te mal. Gostava. Porque há uma parte de mim que me diz que é o que mereces. Há uma parte de mim que me diz que é insane desejar que a vida te corra bem e que as tuas escolhas sejam bem sucedidas e te tragam felicidade. Mas a verdade é que esta parte de mim é mísera e não tem qualquer voto perante todas as outras partes de mim; aquelas que esperam que sejas feliz, aquelas que esperam ver-te sorrir e alcançar a vida que queres e aquilo que queres da vida, seja isso o que for. Sim, porque isso já não sei o que é. Embora me doa mais que qualquer coisa que os teus planos de vida já não me incluam, espero que os concretizes. Sobretudo, desejo-te uma vida mais tranquila, mais merecida. Há coisas que permanecerão para sempre inexplicáveis para mim, mas como dizem os No Doubt: I don't need your reasons, don't tell me 'cause it hurts! Já não preciso de sabê-las. O que sei sem querer saber, basta-me. Dirás que sei tudo, que sempre soube tudo; não sei, mas a verdade é que já não quero saber tudo. Queria saber quanto tempo vou demorar para voltar a respirar sem que isso me pese. Queria saber durante quanto tempo ainda vais ocupar os meus pensamentos 99,9% do tempo e queria saber quanto tempo e quantas noites vão passar até que consiga fechar os olhos outra vez sem ter medo do que vou ver. Queria saber quanto tempo vai passar até que me apeteça sorrir outra vez, até que me apeteça gargalhar, até que tenha vontade de mais que deambular por entre os dias. Queria saber durante quanto tempo o estômago e o coração parecerão o mesmo orgão e não terão espaço cá dentro. Queria saber quanto tempo vou levar a deixar de te amar, sabendo de ante-mão que este tempo possa não existir. Não podes dar-me as respostas a estas perguntas; as outras que possas dar-me, não as quero. Devia sentir-me vazia, calculava que assim fosse. Mas não me sinto vazia. Sinto-me cheia, cheia de ti, cheia deste amor humilhado que sinto por ti, cheia de um amor sem espaço que quer correr aos encontrões e não faz mais que tropeçar, cheia de linhas incompletas, cheia de corredores labirínticos onde não consigo encontrar-me. Gostava de conseguir esvaziar-me de ti. Sinceramente, gostava de conseguir desejar-te mal. Só consigo desejar que sejas feliz. Entre a tua felicidade e a minha felicidade, só consigo desejar a tua.
quarta-feira, 9 de abril de 2014
3, 3, 13.
Aos 3 meses era um sonho. Aos 6 era perfeito. Aos 7 uma absoluta certeza. Entre os 7 e os 8, o prazer de a cada segundo redescobrir que o que sentia era amor. Aos 8 não queria menos que uma vida. Aos 9 não havia palavras que chegassem. Aos 10, "és a minha segunda pele". Quando completado o primeiro ano, tudo o que queria era mais e mais e mais. Aos 14 meses, I was dreaming about all the time. Aos 15 o meu abraço tinha a forma do teu corpo. Aos 16, cada segundo contigo era uma certeza do que queria para sempre. Aos 18, o melhor do mundo era poder continuar a apaixonar-me por ti todos os dias. Aos 21 cada segundo ao teu lado me transformava. Aos 23 não havia nada que pudesse separar-nos. Quando completado o segundo ano, tudo fazia parte de um plano que não podia falhar por seres uma certeza. Aos 26 o compromisso aumentava. Aos 27, sem ti era impensável; aos 30 estava mais que sabido e provado que era para sempre. Aos 33 só faltava o último passo. Quando completados os três anos, renovaram-se os votos. Aos 39, acabou. 3 anos, 3 meses, 13 dias.
3, 4, 11, ainda te amo.
Um pintor não é a sua obra.
Às vezes o universo compadece-se de nós e as manhãs são concordantes com os estados de espírito. Convinhamos que há dias em que não se suporta o sol. Ontem era um bom dia para haver sol, hoje seria desastroso. Agradeço, assim, ao turno da manhã lá em cima, por esta generosidade. Que me desculpem as almas frescas de pés descalços; embora, quando assim é, se saiba que não é o sol que faz a diferença, que muito menos a falta dele faz a diferença. Abençoadas sejam as almas frescas de pés descalços; meta que pretendo e hei-de alcançar. Nesta altura tenho de dizer que "um pintor não é a sua obra", citando alguém importante que cita alguém maior, ainda que menos importante. E tenho de dizê-lo nesta altura para me convencer, sobretudo, a mim. Que um pintor não seja a sua obra, significa o seguinte: pode ser-se um pintor de telas em monte e tintas espalhadas pelo chão e apresentar-se como resultado uma obra exímia em perfeição organizada. Hoje quero dizer que me alimento do que quero ser e não do que tenho sido. Hoje quero dizer que beberei desta pintura exímia em perfeição organizada, enquanto me degladio com as tintas espalhadas pelo chão. Hoje quero dizer que embora possa vestir-me apenas de preto e cinzento sem brilho, pintarei telas de branco paz, azul serenidade, verde esperança, amarelo alegria e vermelho sangue, sangue vida, sangue pulsão, sangue paixão. Hoje quero dizer que a minha obra não serei eu e quero garantir que sei distinguir-me e separar-me dos destroços das tintas pisadas. Mantendo-me concordante com esta linha, porque coerência é preciso haver alguma, hoje quero lembrar que se eu não sorrir, não é grave; se eu não parecer organizada, não é grave; se eu andar amarrotada, esfarrapada, não é grave. Grave será não reconhecer a emergência dum sorriso pintado, a organização produzida ou as linhas rectas, sem dobras, de todos os dias. E porque um pintor não é a sua obra, agradeço a generosidade do turno da manhã lá em cima, mas afirmo aqui, neste final, que pode mandar vir o sol para aquecer as almas não tão frescas e ainda de chinelos que precisem dele para se alegrarem; as outras já sabemos que não precisam. Depois deste esclarecimento, sinto-me capaz de recebê-lo. Olá sol, obrigada por te juntares à tela que pinto sem ser. Compreendo a timidez, mas estás à vontade.
terça-feira, 8 de abril de 2014
segunda-feira, 7 de abril de 2014
Estou cansada e O amor é uma droga.
Estou cansada de me preocupar com aqueles que se riem de mim. Estou cansada de me preocupar com aquilo que os outros pensam de mim. Sou o que sou e é a mim que devo honrar. Estou cansada de me preocupar com aquilo que os outros pensam e dizem sobre a forma como penso, digo, vejo, sinto. Daqui em diante, a forma como penso, digo, vejo, sinto, sou, só a mim diz respeito, só a mim deve preocupar. Estou cansada de me indignar com as vitórias dos outros, ainda que essas vitórias sejam vitórias sobre (em cima) de mim. Eles que vençam. Daqui em diante, preocupar-me-ei exclusivamente com as minhas derrotas. E com as vitórias, quando for altura delas. Este não é um momento de vitórias; nem de sorrisos forçados, nem de esforços sobre-humanos, nem de frases banais carregadas de pensamentos pretendentes a positivos que se resumem sendo nada. Tudo passa, verdade universal de senso-comum. Este não é um momento de senso-comum. Tudo se supera, cliché pretendente a verdade universal de senso-comum. Embora adore a palavra cliché, este não é um momento de clichés. Estou cansada de fazer-de-conta que está tudo bem. Não, não está tudo bem. Como é que estaria? Levamos metade das nossas vidas a planear o futuro e a outra metade a perceber que planear foi uma perfeita perda de tempo; só muito raramente e nunca metade, a viver o que planeámos e a ser felizes com isso. A vida não está escrita em lado nenhum nem é um plano que desenhamos e cujas linhas preenchemos sem sair do risco; também não é uma coisa que nos aconteça. Mas planear? Planear é só um desperdício de tempo. A vida é construída dia-a-dia, às vezes hora-a-hora, minuto-a-minuto e mais: segundo-a-segundo. E há momentos desta construção em que cada segundo dói. E quando cada segundo dói, sou eu, és tu (tu a quem dói, não um tu dirigido), quem decide como viver essas dores. Estou cansada que me digam como viver as minhas dores. Vivo-as como quiser; vivo-as e hei-de continuar a vivê-las como puder a cada segundo. E se agora me apetecer chorar e daqui por um segundo me apetecer rir, é isso que vou fazer. Ai de quem venha tentar dizer-me como viver ou como sofrer! Há momentos em que se pára de fingir. Porque primeiro o fingimento parece sobrevivência, mas depois percebe-se que não, que tem de se parar. Perdi tudo o que tinha como certo até aqui. Perdi os alicerces e as construções que me falavam do futuro. Perdi o que nunca foi seguro, o que era tão incerto como o são todos os futuros. Em momentos como este, deixa de se fingir. Porque não é fácil desistir dos sonhos. E não me venham com conversas moles, porque estou cansada delas! Não é fácil desistir dos sonhos. Ponto final. Quem disser o contrário, nunca sonhou. Em momentos como este, deixa de se fingir e reflecte-se. Ainda que soubesse, lá atrás, que perderia tudo, repetiria tudo. Tudo. Cada vírgula, cada reticência, cada interrogação. Tudo, até ao último segundo. Não me arrependo de nada. Nem do tempo que agora sei e sinto que foi inválido. Em vão nada foi, nada é. Cresce-se, aprende-se, evolui-se mesmo com os resultados que, no final, se revelam inválidos. Por isso sim, repetiria tudo. E repetiria tudo também porque me cansei de me preocupar com aqueles que se riem de mim. Pois que riam! É que o vivi, já ninguém pode tirar-me. O que não viverei, ninguém pode tirar-me também. E o que não viverei e que fazia parte de uma construção idílica e exclusivamente minha, ainda bem que me tiraram. Não acabou hoje nem acaba amanhã; atrevo-me a dizer que daqui a um, cinco, dez anos, talvez não tenha acabado ainda. Mas e depois? One day at a time. One day at a time é o lema dos toxicodependentes em recuperação. E sim, eu sou uma toxicodependente em recuperação. Vivi da toxicidade de todos os dias e é dela que estou a recuperar. Do cheiro da toxicidade, do olhar da toxicidade, do toque da toxicidade. Sim, o amor é a maior de todas as drogas e a de mais difícil desintoxicação. Mas querem saber? Intoxiquem-se dele! Porque em cada momento tóxico não há melhor sensação e, no final, aquilo que foi ninguém vos tira.
Mensagem Inicial.
Porque nem tudo é mau, porque nem tudo é negativo, há coisas más que podem canalizar-se e, não diria torná-las positivas - porque não seria aqui o caso -, mas dar-lhes alguma utilidade. E a utilidade aqui é esta: sempre escrevi, sempre quis escrever, sempre quis escrever mais e melhor; sempre quis perder o medo de escrever e lançar-me nessa aventura que é a escrita partilhada e publicada. Quem sabe não será este o veículo para a concretização de um sonho?... E a verdade é que as alturas em que melhor escrevi foram sempre as alturas mais difíceis. Não me lembro de nenhuma tão difícil quanto esta; por isso, não me ocorre melhor altura que esta.
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